inside: O (TAMBÉM) MAIOR EVENTO DE TECNOLOGIA, TENDÊNCIAS E NOVAS GERAÇÕES

bizi | 19.11.24

Se na parte 1 da nossa cobertura nos dedicamos aos assuntos principais desta edição do RD Summit — marketing, vendas e e-commerce, na parte 2 focamos em todos os outros temas que vimos por lá, tão importante quanto esses três primeiros. Por isso, depois de conferir Tudo o que rolou no RD Summit 2024 — pt. 1, vem conferir tudo o que também rolou por lá sobre tecnologia, tendências e as novas gerações.


Tecnologia humanizada

Em uma época em que falamos tanto sobre IA, nada mais justo do que falar também do seu contraponto (ou seria complemento?): a humanização.

Erika Lopes, CRO da RD Station, não só falou sobre o assunto, mas deu 5 dicas para transformar os negócios por meio da tecnologia humanizada.

1. Multiplique os canais de interação

A primeira dica é pensar no cliente em primeiro lugar, nos canais onde você pode encontrá-lo e, principalmente, nos canais onde ele escolhe se comunicar com a sua marca.

Para isso, dois pontos são muito importantes:

  • Multicanalidade: usar múltiplos canais em diferentes momentos da jornada para complementar o contato com o cliente
  • Omnicanalidade: integrar esses canais e a sua comunicação.

2. Construa comunidades

Foque em construir relacionamentos com pessoas que compartilham interesses, valores ou objetivos comuns em torno da sua marca, produto ou serviço.

Muito além de uma simples transação comercial, uma comunidade consegue criar relacionamentos duradouros e engajamento ativo.

Na RD Station, por exemplo, a comunidade é chamada de “RD Conecta”, onde eles têm cursos e tutoriais e chamam clientes-fãs para serem embaixadores da marca e auxiliarem quem está chegando agora, como um fórum de discussão. 

3. Use a IA 

Não tenha medo dela, mas use-a a seu favor. Erika contou que existe uma expectativa de 30% de redução nos custos de atendimento ao usar IA. Quem não ia querer isso?

Seja para resolver demandas repetitivas ou otimizar o dia a dia dos clientes, a tecnologia já está disponível para facilitar o que pode ser automatizado e conceder tempo para o que mais importa.

4. Se atente para jornadas construídas em plataformas

Partindo do princípio de que a relação com o cliente é no longo prazo, a jornada do cliente tem que ser no formato infinito.

A dica, então, é olhar para essa jornada e mapear quais são as plataformas que atendem cada etapa, como elas funcionam para o cliente, como podem ser melhoradas e ter um olhar estratégico se as plataformas estão fazendo sentido ou não.

5. Tenha consciência 

Por fim, mas não menos importante, a CRO relembra que clientes, time interno e stakeholders têm uma coisa em comum: todos são pessoas e você precisa ter consciência disso.

Ter uma parceria de longo prazo não é um desejo somente da empresa, mas de todas essas pessoas. Afinal, todos querem ver as coisas dando certo, no fim das contas.

“Pessoas tem dias bons e ruins e entendem as coisas de forma diferente. Por isso, só conseguimos usar a tecnologia ao nosso favor ao entender as pessoas.”
— Erika Lopes, CRO da RD Station


RD Summit 2024 — Novas gerações, tecnologia e tendências

Como saber que você não é uma IA? (e nem será substituído por uma)

Com esse título curioso, Vitor Peçanha, Founder da PbyP School, chamou a atenção no RD Summit 2024. 

Para ele, é em momentos de calmaria que precisamos ficar atentos, porque, aí, sim, as coisas estão prestes a mudar e precisaremos nos adaptar a elas, especialmente quando falamos de marketing. 

De acordo com Peçanha, o que acontece com a IA hoje é parecido com o sentimento em 2006, quando saiu a lei Cidade Limpa (que limitava os pontos OOH por poluição visual) e as pessoas acharam que o marketing iria acabar. Bom, isso definitivamente não aconteceu em 2006 e nem vai acontecer agora.

Por isso, para saber que você não é uma inteligência artificial e nem ser substituído por ela, Peçanha deu várias dicas e, claro, trouxemos os highlights por aqui:

1. Se inspire no mercado cervejeiro

Esse setor soube se reinventar e diversificar os produtos, fugindo de um padrão há muito estabelecido, principalmente com a chegada das cervejas artesanais.

Então, seu conteúdo também pode ser artesanal, não abrangente e nichado. Isso destaca ainda mais o valor de algo produzido por humanos de algo produzido pela IA.

2. Seja como um chef, não um cozinheiro

Enquanto um chef entende os ingredientes e os princípios e usa tudo isso para criar coisas novas, um cozinheiro só segue as receitas (por melhor que fique o resultado).

“No marketing, entenda os princípios, não replique, não apenas faça bem, entenda os fundamentos para moldar e adaptar do jeito que quiser.”
— Vitor Peçanha, Founder da PbyP School

3. Explore o mundo físico

Segundo o marketeiro, nunca foi tão importante ver pessoas e ter trocas presenciais, porque é isso que conecta de verdade e cria experiências marcantes. 

Por isso, mesmo que a sua loja ou produto seja digital, é imprescindível tangibilizar ao máximo as experiências reais e presenciais que ele pode promover.

De acordo com o próprio exemplo do Peçanha, um review de qualquer produto feito por um influenciador é muito mais interessante que uma lista de motivos para comprar um produto feita pela IA.

4. Conte histórias do jeito certo

Mais do que nunca, agora é o momento de saber se comunicar, chegar até o seu público e se conectar de forma genuína com ele. E isso inclui não somente o que você diz, mas também o que você deixa nas entrelinhas da sua comunicação.

Segundo Peçanha, essa é a teoria dos esquemas: qualquer informação que não seja 100% descritiva é automaticamente preenchida conforme a história de cada um. É por isso que slogans aparentemente simples são geniais, como o “Just do it” da Nike, o “Think different” da Apple ou o “Mil e uma utilidades”, da Bombril, porque as pessoas podem preencher com suas próprias histórias.

“A IA só consegue reproduzir o que já foi dito, mas o que não dizemos importa.”
— Vitor Peçanha, Founder da PbyP School

5. Não use a IA 100% do tempo

E isso não é um alerta para a qualidade do seu conteúdo, mas para a sua qualidade e relevância, enquanto profissional criativo.

Peçanha relembra que, quando não treinamos nossas habilidades, elas degradam. Por isso, não podemos terceirizá-las para a IA.

O recado final foi o mais importante: a inteligência artificial é um potencializador, mas nós somos os verdadeiros criadores.


Outros destaques sobre tecnologia

RD Summit 2024 — Novas gerações, tecnologia e tendências

Experimentação, inovação e IA

Na palestra “Inovação na prática: como criar uma cultura de experimentação a partir da IA?”, o Chief Evangelist Officer do iFood, Marcos Gurgel, falou sobre como a inteligência artificial não é novidade para a empresa.

O iFood trabalha com IA desde 2018 e já tem vários projetos rodando, que o CEO chama de “jet skis”: velozes, eficientes e um tanto quanto exóticos e divertidos também.

Entre os diversos exemplos desses jet skis, Gurgel compartilhou que hoje, de todos os problemas que a empresa enfrenta, 56% são resolvidos por máquinas. De fato, o iFood é a empresa com mais modelos proprietários de IA no Brasil. Incrível, não é? 

Ele ainda contou que, quando entrou no iFood, notou que as pessoas usavam camisetas com a frase “I love gambiarra”. De certa forma, essa cultura — inspirada pelo improviso, pelo jeitinho brasileiro e, principalmente, pela experimentação — perdurou até hoje.

Habilidades humanas para potencializar a tecnologia

Para complementar essa seção, o keynote speaker & podcaster Andrea Iorio falou sobre “Competências humanas e adaptabilidade na era digital”.

Para ele, existem 4 habilidades-chave para se aperfeiçoar em tempos de IA

  • Saber fazer perguntas para a IA, porque só assim podemos desbloquear todo o potencial da tecnologia. O palestrante relembrar que até mesmo as perguntas bobas podem resolver grandes problemas;
  • Desaprender e aprender de novo, o tempo todo. É preciso estar atento às novidades, mas principalmente, às demandas mais humanas, que também mudam com o tempo. Quanto mais antecipados a isso, mais bem posicionados estaremos;
  • Não ter medo de errar, porque esse é o resumo do processo científico: executar e errar para ter o feedback necessário e fazer do jeito certo da próxima vez. O segredo nos negócios está em fazer isso de forma calculada, para maximizar os aprendizados;
  • Investir na colaboração em larga escala. Em uma ilha deserta, com certeza um macaco sozinho se daria melhor do que um humano sozinho. Mas um grupo de humanos teria muito mais chances do que um grupo de macacos, porque, segundo Andrea, nosso poder está na colaboração.

“Colaboração em larga escala é o que fez o ser humano crescer. Isso depende de confiança e muitas empresas não confiam na IA. Então, é justamente isso que vai diferenciar os humanos: perfil colaborativo, ações conjuntas, criatividade, humanização.”
— Andrea Iorio, keynote speaker & podcaster 

Para finalizar, um paradoxo interessante em praticamente todos os conteúdos que falaram sobre IA e tecnologia: a grande conclusão é que precisamos ser mais humanos.


CONSELHOS DA LIDERANÇA

Uma seção muito especial com algumas das líderes mais proeminentes — e acessíveis — que encontramos no evento e gentilmente compartilharam um pouco de suas experiências e dicas de liderança com exclusividade para o Bizi.

Para chegar no topo da carreira ou melhorar ainda mais esse cenário, preste muita atenção no que elas têm a dizer:


RD Summit 2024 — Novas gerações, tecnologia e tendências

A cultura do time dos sonhos

Além da palestra da Samira Cardoso (que apareceu na primeira parte dessa cobertura), este ano, o RD Summit contou com mais uma participação muito especial da nossa parceira, Layer Up. 

Em um painel especial, no Palco Business by Grupo Boticário, Letícia Previatti, Gabriel Bearzi e Eric Porto — respectivamente, a Cofundadora e COO, o Diretor de Marketing e o Diretor de Performance e novo sócio da Layer Up — falaram sobre algo que não é exatamente uma tendência, mas ainda é uma urgência do mercado: estruturar uma cultura organizacional.

Baseados no mote da Layer Up para o evento em 2024, Dream Team, o título da conversa foi justamente “Alto Impacto, Baixo Ego: a essência de uma cultura Dream Team”. O objetivo era mostrar como todos têm seu papel em uma empresa com uma cultura saudável, que prioriza o coletivo e fomenta o crescimento — tanto dos resultados quanto das pessoas.

“A cultura está em tudo o que fazemos, seja uma entrega prática, um alinhamento, um próximo passo, uma tomada de decisão… Qualquer outra temática que a gente trouxesse ia acabar resvalando nesse tema da cultura.”
— Eric Porto, Diretor de Performance da Layer Up

De acordo com os próprios apresentadores, eles não estavam ali para inventar a roda, ou falar da última novidade tecnológica; mas sim, para chamar atenção para uma necessidade dos negócios e compartilhar um pouco dos próprios aprendizados sobre o tema.

Segundo a COO da agência, mais do que algo que eles acreditam, a cultura do Dream Team é algo que a Layer Up vive, na prática.

“A gente vai falar de coisas que a gente vive na essência, coisas que a gente aprendeu, às vezes do jeito mais difícil.”
— Letícia Previatti, COO da Layer Up

E, sendo uma apresentação da Layer Up, o que não poderia faltar eram dados. Segundo Gabriel Bearzi, os dados comprovam que a cultura é algo que vai muito além de causar uma boa impressão nos colaboradores e stakeholders. Uma cultura bem estruturada impacta diretamente nos resultados do negócio

Empresas que têm uma cultura alinhada, têm também:

  • Crescimento de receita até 4x mais rápido;
  • Margem de lucro operacional 12% maior;
  • 21% mais lucros;
  • 40% mais chances de crescer;
  • 41% menos faltas e 59% menos rotatividade de funcionários.

Por fim, o Diretor de Marketing disse que ter uma cultura alinhada funciona como um ciclo — muito positivo, por sinal:

  • Não tem cultura se não tiver empresa;
  • Não tem empresa se não tiver resultados;
  • Não tem resultados se não tiver pessoas;
  • Não tem pessoas se não tiver cultura.

Novas gerações, novos valores — Rita Von Hunty no RD Summit 2024

Mais assuntos interessantes:

Mulheres, mudanças e transição de carreira

Após anunciar sua saída do Masterchef Brasil, após 10 anos apresentando o programa, a jornalista e agora Diretora de Marca da Conquer, Ana Paula Padrão, fez uma palestra muito especial sobre transição de carreira, destacando especialmente como isso funciona para as mulheres.

De acordo com ela, vivemos em um mundo que tem o homem como padrão e, portanto, toda a base de dados que temos é masculina. Por isso, o mundo não é um lugar confortável para mulheres; mas será que ele é confortável para alguém?

Uma das características permanentes do mundo é a mudança e, por natureza, elas são desconfortáveis. Ana relembra que nossos cérebros odeiam mudanças, mas esses momentos de incômodo podem ser grandes oportunidades de carreira.

“Para mudar, entregue-se ao incômodo.”
— Ana Paula Padrão, Sócia da Conquer Unna Business School para mulheres

Pensando em tudo isso, o novo passo da carreira de Ana foi justamente criar uma unidade de negócios na Conquer, especialmente voltada para as mulheres, a Conquer Unna. O objetivo principal é ajudá-las a encarar essas mudanças e os desafios de carreira que, com certeza, surgirão pelo caminho.

Inclusive, a Conquer Unna já é uma realidade e já tem o próximo curso marcado, com a Ana Paula Padrão, é claro.

Tendências vs. ruídos

Se tem um assunto garantido no RD Summit é tendências. 10 em cada 10 participantes que encontramos no evento foram até lá para ver, ouvir e conhecer tendências para o próximo ano.

Por isso, a já tradicional palestra da WGSN, uma das maiores consultorias de tendências do mundo (que tem quase um lugar cativo na nossa news), é uma das mais procuradas no evento.

Dessa vez, a vice-presidente da WGSN para a América Latina, Daniela Dantas, trouxe alguns pontos interessantes sobre o tema:

  • Não confunda “tendência” com “estética”. Você pode até se inspirar em estéticas visuais para a sua comunicação, mas pautar sua estratégia em um movimento que não é uma tendência, é desperdiçar seus recursos;
  • Uma tendência que está no TikTok já não é mais uma tendência, é algo concreto. A dica, então, para encontrar tendências emergentes e ser uma marca de fato inovadora é buscar por subculturas;
  • Toda tendência vai gerar também uma contra-tendência. Um exemplo é o maximalismo, que tem despontado recentemente como uma resposta ao minimalismo. Como marca, você pode aproveitar tanto uma quando a outra;
  • Nada de IA ou máquinas; de acordo com a VP, o fator que mais vai diferenciar a marca daqui para frente é o fator humano. Por isso, invista nele.

“Tendências estéticas não pautam estratégia de nada. (…) Como marca, você pode se basear em uma subcultura, mas você não pode se basear em uma estética para construir estratégia.”
— Daniela Dantas, Vice-presidente da WGSN para a América Latina


Qual é a idade das gerações atuais? — Dado Schneider no RD Summit 2024

As novas gerações — e o resto de nós

Apesar do RD Summit deste ano ter como foco marketing, vendas e e-commerce, também percebemos que as novas gerações renderam muitas conversas no evento, tanto no palco como fora dele.

E o tema ganhou espaço na apresentação de dois palestrantes muito interessantes: Dado Schneider e Rita Von Hunty — não por coincidência, dois professores.

Enquanto Dado apresentou um panorama sobre a geração Z e mostrou como ela é a geração mais diferente de seus antecessores desde os hippies, Rita apresentou uma perspectiva cultural sobre as gerações, no lugar de enxergar essa divisão apenas por datas.

Para Rita, falar sobre gerações é falar sobre conflito e isso é natural, porque os pontos de divergência são maiores do que os de convergência.

As duas últimas gerações mais recentes (Z e Alpha) cresceram com o contexto de crise climática, que as gerações anteriores só viveram após adultos. Isso gerou uma “urgência de sobreviver” nesses jovens. Olhando por essa visão, as críticas de que as gerações atuais são imediatistas não fazem sentido, afinal, o mundo está acabando.

Em sua palestra, Dado complementou esse ponto dizendo que, antigamente, o conhecimento era vertical, transmitido pelos mais velhos e os mais novos só poderiam observar, de baixo para cima. No entanto, hoje o conhecimento é horizontal, infinito e geralmente mais divertido e interessante.

Com a democratização da internet, veio também a democratização da informação e do poder. Hoje, todos têm acesso a tudo, o que torna essa geração naturalmente menos suscetível a qualquer padrão e maleável, como as anteriores.

Pensando especificamente nesse público no Brasil, também é preciso considerar que são gerações marcadas por alta violência e precarização das relações de trabalho. Sem contar que eles literalmente assistem às guerras e conflitos mundiais ao vivo, pelas redes sociais. Qual é o impacto psíquico que isso tem? Que ideia de futuro isso gera?

Segundo Rita, é compreensível que suas maiores preocupações sejam saúde mental, educação, família e diversidade. Mesmo assim, são gerações com altos índices de depressão e burnout, além de altas taxas de suicídio.

Então, o que precisamos fazer para ajudar essas gerações?

Para a apresentadora, precisamos voltar a produzir vida ao invés de morte, lutar juntos pelo que falta, seja no trabalho ou na vida pessoal, seja o equilíbrio entre os dois

“As empresas precisam entrar nessa com ações de verdade e genuínas, pensando no futuro. Não colocar ESG só porque é bonito, mas fazer de verdade.”
— Rita Von Hunty, Professora, apresentadora e podcaster

Já, para o professor, precisamos urgentemente nos entendermos. Todos. Sem exceção. De acordo com Dado, alguém terá que puxar essa conversa — e, se você segue o Bizi, já sabe quem é esse “alguém”. Sim, é justamente o nosso papel, gerações mais velhas, os adultos da vez, com mais experiência e mais vivência, orientar os jovens da vez.

Isso envolve uma série de coisas, desde falar mais a linguagem deles até ser para eles o que não foram para nós: compreensão, empatia, pontes e facilitadores.

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