inside: Especial SXSW 2023

bizi | 21.03.23

O SXSW, ou South by Southwest, é o maior evento de inovação, tendências e criatividade do mundo, que acontece desde 1987 em Austin, Texas, nos EUA.

Além de pautas como tecnologia, futurismo e assuntos emergentes, o festival também é destaque na música, cinema & TV, games e arte.

Este ano, em sua 37ª edição, ele aconteceu do dia 10 ao dia 19 de março e trouxe insights sobre os assuntos mais importantes agora e também no futuro.

Com essa descrição, nada mais justo que trazer o SXSW para o Bizi. A redação não fez uma cobertura exclusiva do festival, mas trouxe uma curadoria, é claro, com tudo o que rolou por lá — ou, pelo menos, tudo que coube em uma newsletter.

De acordo com a Diretora de Negócios Integrados de Publicidade da Globo, Manzar Feres, curadoria é isso: trocar o FOMO (fear of missing out ou medo de ficar de fora; não conseguir acompanhar o ritmo das coisas) pelo JOMO (joy of missing out, ou a alegria em fazer justamente o contrário).

Antes de começarmos, vamos à algumas percepções introdutórias sobre o que trouxemos por aqui:

Em seu relato sobre o evento, Chiara Martini, Diretora de Estratégia Criativa na Coca-Cola para a América Latina, disse que é papel do participante fazer a inovação acontecer fora do evento.

Nada do que é dito lá é um tutorial de “o que fazer para ser inovador”. Aliás, a maioria das pessoas volta com mais dúvidas do que respostas.

“Seja um keynote para 2,5 mil pessoas ou um papo em uma sala que cabem 50, o ouvinte tem um papel ativo nessa dinâmica. Entrar com seu repertório e senso crítico, ouvir a perspectiva de quem está falando, e gastar neurônio para aprofundar o que você ouviu, conversar com outras pessoas e entender como trazer para sua realidade.“
— Chiara Martini

Troque as formas do verbo ouvir por ler e a gente acredita que o mesmo princípio vale para essa news: reunimos os insights, mas cabe a você colocar em prática por aí. Vamos?


> Inteligência artificial

Com certeza, a inteligência artificial foi o assunto principal desta edição do SXSW. Ela esteve presente no discurso de quase todos os palestrantes, como menções honrosas ou tema principal.

Não é à toa que uma das palestras mais aguardadas foi a de Greg Brockman, CEO da OpenAI, empresa que criou o ChatGPT.

Tem gente que achou que a participação deixou a desejar e teve suas expectativas para este grande momento frustradas, mas não é por isso que os insights — e até as explicações — deixaram de surgir.

Não sei se tranquilizando ou assustando ainda mais os pessimistas, Brockman disse que soube que a ferramenta iria funcionar, de fato, quando o ChatGPT conseguiu mapear sentimentos.

Para ele, o ChatGPT não só entende, como manipula os sentimentos nos conteúdos digitais. Essa é não somente a razão do sucesso, como também do diferencial da ferramenta, pois, sem isso, o ChatGPT seria apenas uma análise de dados frios.

Sobre o destino da ferramenta, nem Brockman sabe dizer onde o ChatGPT vai dar. Mas a origem ficou um pouco mais clara.

De acordo com o CEO, a ferramenta tinha o propósito de auxiliar em processos criativos, traduções e curadoria de assuntos, amplificando — note: não substituindo — o que os humanos podem fazer.

Como já antecipamos na edição anterior do Bizi, não precisa ter medo de perder sua vaga. Para Greg, só vão acabar as profissões que não necessitam de julgamento humano — e ainda estamos procurando alguma assim.

Os riscos sempre vão existir — ou não

Porém, nem tudo são flores: informações erradas, tendências preconceituosas, criação de spams e conteúdos ilícitos são erros que ainda podem acontecer no ChatGPT. Mas Brockman garantiu que a OpenAI já está de olho em todos eles.

Para finalizar, o CEO também destacou que o maior erro das ferramentas atuais é não conhecer o ser humano, o que parece irônico, já que esse é um ponto básico para a IA.

Mas nem ele espera que isso aconteça da noite para o dia. Desenvolver uma tecnologia que engaje e construir uma “nova internet”, como ele afirma, é um trabalho de décadas. 


Feat. SXSW

Assim como em todos os anos, o SXSW 2023 contou com alguns nomes fortes participando do evento:

> Bianca Andrade, influenciadora criadora da Boca Rosa Company e Conselheira da Academia de Criadores do Itaú, foi a convite do banco para ficar de olho nas tendências da creator economy.

> A criadora do “Me Too”, Tabata Burke, falou sobre as poderosas lições trazidas pelo movimento. Entre elas, a construção de comunidades e a empatia para realmente ouvir e entender o que as pessoas estão dizendo.

> Priyanka Chopra Jonas foi um dos keynotes do evento e falou sobre os desafios de ser uma mulher na indústria do entretenimento, além da inclusão e diversidade no setor.


> Sustentabilidade ambiental e social nas grandes corporações e no SXSW

O Bizi já cansou de dizer: quando o assunto é sustentabilidade (seja ambiental, social ou financeira) não adianta ficar só no discurso.

Não é só uma questão de convencer o consumidor, e sim, de realmente provocar a mudança e interromper o ciclo do esgotamento de recursos, aquecimento global, desperdício etc. Afinal, estamos falando do futuro do planeta!

Em seu painel no festival, o CEO da Patagonia, Ryan Gellert, surpreendeu ao dizer que todo o lucro da varejista é destinado ao combate às mudanças climáticas.

Para Ryan, a mudança precisa estar no centro nervoso do sistema das empresas; não um pilar, não uma ação pontual. No centro.

Sobre as consequências financeiras da decisão da Patagonia, de acordo com Ivan Frishberg, Vice-Presidente Sênior e Chief Sustainability Officer do Amalgamated Bank, quando se trata de investimentos, “o risco climático é o maior de todos”.

Uma missão para todos

Por isso, é papel de todos, não só dos governos, cuidar dessa situação que nós mesmos criamos. Para ele, essas são duas crenças principais que precisam ser rompidas:

  • A de que a situação do planeta é, de alguma forma, consequência de um desequilíbrio natural — na verdade, é culpa nossa.
  • A de que somente o poder público deve interferir — na verdade, as empresas têm tanto ou maior responsabilidade nesse quadro.

Gellert completa dizendo que chegou a hora das empresas pararem de se esconder atrás da externalização da culpa pela crise climática, pois elas também são parte disso e, assim, também podem ser parte da mudança.

É claro que essa não deve ser a motivação principal, mas, como a gente sabe que conta muito, também vale ressaltar que startups climáticas têm muito potencial de retorno e o mercado tem reagido positivamente nesse sentido.

De acordo com Emily Kirsch, CEO do fundo Powerhouse Ventures, hoje existem 2 vezes mais unicórnios de climate tech, avaliados em mais de US$1 bilhão, do que no ano passado.

O poder está nas histórias

“Somos o produto de todas as histórias e todas as pessoas que ouvimos, tocamos e conhecemos, mas também, pessoas distantes no tempo, na localização e na história. Todas essas vozes constroem a pessoa que nos tornamos.”

Foi assim que José Andrés, chef de cozinha renomado — e muito bem humorado — que criou a ONG World Central Kitchen, abriu sua fala no SXSW 2023.

Provando que a sustentabilidade vai muito além das ações que fazemos pensando no futuro das árvores e dos oceanos, José trouxe o S do ESG para o palco na possível palestra que mais mexeu com os espectadores nesta edição do SXSW.

Chamado para falar especialmente sobre esse projeto de transformação social radical, que é o World Central Kitchen, José falou sobre a diferença de contar a história da pobreza e contar a história por trás do que está causando a pobreza.

Quando conectamos diversos problemas sociais, como a falta de infraestrutura em bairros pobres, a falta de treinamento e informação, aí sim chegamos no cenário completo e podemos impactar o sistema, impactar os políticos e, enfim, resolver esses problemas.

“Como vamos encontrar soluções para os problemas se não estamos escutando as pessoas que vivem esses problemas?”. Parece tão óbvio, mas é justamente o que falta para mudar nossa sociedade, de acordo com o chef.

Nós nunca vamos realmente mudar o mundo se não assumirmos os riscos que essa missão exige.

Depois desse passo, a solução é muito simples: storytelling. Não do jeito que estamos habituados à palavra em seu contexto comercial e marketeiro, mas contarmos as histórias de quem precisa ser ouvido.

Para José, somos empoderados pelas pessoas para cuidar das pessoas, é um ciclo do bem que todos podem fazer parte. Todos podem ser um storyteller e trazer os problemas que precisam ser reparados para os holofotes. 

A redação já sabia, mas vale relembrar: contar histórias é um superpoder concedido a todos. Só falta usar!

Por esses e outros insights (e algumas risadas também), recomendamos fortemente a conversa entre o chef e a jornalista do The Washington Post, Michele Norris, que você pode conferir aqui.


> O futuro da internet

Em uma das palestras mais aguardadas não só desta, mas de todas as mais recentes edições do SXSW, Amy Webb, futurista e fundadora do Future Today Institute, trouxe uma conclusão fatal: é o fim da internet como conhecemos.

Sucesso ou catástrofe total? Para Amy, só existem essas duas opções:

  • Ou aprendemos a usar a IA a nosso favor, treinando os prompts e ensinando a máquina a aprender o que queremos ensinar;
  • Ou aumentam a desigualdade digital, os algoritmos discriminatórios e nos tornamos reféns de algo que não sabemos controlar ou ao menos lidar.

Em sua apresentação, Webb falou que estamos vendo uma mudança de padrão na infraestrutura da web.

Hoje, tudo é informação — até cheiros! O processamento de dados evoluiu muito e quem tem acesso a tudo isso são as IAs. Se antes, nós pesquisávamos na internet, hoje, é ela quem pesquisa sobre nós.

Para ela, o resultado disso é que o futuro será dos assistive jobs e da computação auxiliar, onde a tecnologia será protagonista enquanto nós seremos os coadjuvantes, mas com papel determinante.

“É importante lembrarmos que essas ferramentas foram criadas para se parecerem com humanos (por isso elas parecem), mas isso não as transforma em humanos.”
— Amy Webb

É imprescindível lembrar que, na hora de fazer suas escolhas e executar suas ações, a IA não considera valores éticos, como nós. E isso muda tudo, sim!

Em sua entrevista para o SXSW Studio, Amy completou seu raciocínio falando sobre as aplicações que fazemos da IA.

Para a futurista, não existe uma opção de “desligar a inteligência artificial generativa” e todo o processo que criamos até agora. Ela lembra que a tecnologia, em si, não é ruim e existem diversas coisas boas que ela pode fazer por nós, mas tudo depende de como iremos usá-la.

Foco nas tendências, no plural

Mas, além das perspectivas difíceis de se ouvir, Webb também lançou a 16ª edição do Tech Trends Report, tradicional relatório feito pelo Future Today Institute, divulgado no festival com mais de 600 tendências analisadas.

Sobre esse tipo de estudo, Amy afirma que é preciso ter foco. No momento em que vivemos, não basta analisar uma tendência de forma isolada, é preciso analisar a convergência dessas tendências.

Só assim, é possível entender o caminho que elas apontam, ou seja, o futuro onde vamos parar.


SXSW além das tendências

> Uma playlist com 4 mil músicas que fizeram a trilha sonora do SXSW este ano, montada por Wagner Brenner, fundador do Update or Die!

> A lendária The Zombies lançou o documentário Hung Up On A Dream, que conta a história da banda britânica, em sua décima participação no SXSW.


> Metaverso

Foi a segunda palavra mais falada do ano em 2022, segundo o ranking do dicionário Oxford e, de repente, ninguém falou mais nada. Afinal, o que aconteceu com o metaverso?

No SXSW 2023, o assunto voltou a esquentar. Muitas empresas e futuristas falaram sobre o metaverso, mas em um tom diferente do que vimos até aqui.

No painel “Responsible AI & Human Rights in the Metaverse” com a presença de Vasco Pedro, CEO da Unbabel, e Jerome Pesenti, ex-vice-presidente de inteligência artificial da Meta, a pauta não poderia ser outra senão os dilemas éticos da tecnologia

O potencial aditivo, questões de privacidade e até o risco da intimidade artificial apontada pela psicoterapeuta Esther Perel, foram alguns dos riscos apontados durante o festival.

Mas para cada visão pessimista, existe alguém enxergando o copo virtual do metaverso meio cheio.

Down the rabbit hole

Assim como Mark Zuckerberg, Sandy Carter, COO da Unstoppabble Domains e ex-IBM, também acredita que devemos ser metaverse-first.

Em sua palestra, a executiva afirmou que o metaverso irá transformar a forma de existir online e, na verdade, já está. Questões como a identidade digital como um direito de todos já chegaram até em Davos.

A Accenture, por exemplo, já entendeu o recado e usa o metaverso para fazer o onboarding de seus colaboradores. Sandy também garantiu que a própria Unstoppable tem seu espaço por lá. 

Nas previsões para o futuro, Carter enxerga um cenário muito favorável para o metaverso: 

As tech skills estarão superdifundidas, a IA estará integrada em tudo que é eletrônico e os ativos digitais serão mais valorizados que os físicos. Mas o metaverso ainda está sendo subestimado a longo prazo.

Para Sandy, o segredo para estar preparado para esse futuro é começar agora, não de qualquer jeito, mas com uma “equipe de coelhos”.

“Na Web3, há um termo que é ‘going down the rabbit hole’, que significa que você está aprendendo, que está estudando. Além disso, o espaço está se movendo tão rápido que é preciso se mover em um ritmo de coelhos”.
— Sandy Carter

É hora de aprender

Amy Webb também deu seu parecer sobre o assunto. Para ela, a principal tendência do metaverso vai além de criar uma versão virtual (um avatar) para atuar no digital:

O futuro do metaverso é industrial, atuando em setores como a medicina e transformando o acesso à saúde personalizada e de qualidade para todos.

Webb lembra que o metaverso não é uma tecnologia em si, mas um conjunto delas e provocou a audiência dizendo que, muito em breve, vamos olhar para trás e pensar em como conseguimos viver sem isso.

Apesar do nosso foco não estar em atuar dentro dessas interfaces ainda, a futurista acredita que agora é a hora de aprender sobre ele, o máximo que der.


SXSW: That’s all folks!

Para finalizar, segundo Ana Luísa Périssé, Chief Business Officer da Integer\OutPromo, o festival relembrou que “sabemos exatamente o que precisa ser feito, como pessoas civis e também como marcas, só é preciso agir”.

De forma geral, o que ficou claro durante o evento é que o foco é no fator humano. Nunca falamos tanto sobre pessoas ao falar de tecnologia e, se esperamos um futuro, com certeza, esse é o caminho.

Para saber mais do SXSW e absorver ainda mais conteúdos incríveis, os highlights do evento, palestras de keynotes e entrevistas em estúdio estão no canal do SXSW no YouTube. Vale muito a pena conferir!

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