bizi | 21.03.25
Definitivamente, esse é o maior hype consistente do nosso mercado. Mais uma vez, o SXSW 2025 atraiu milhares de pessoas, vindas de todas as partes do mundo, para conferir o que futuristas, criativos e executivos de diversas áreas (mas, este ano, principalmente da IA) têm para contar.
Segundo a Fast Company, em 2025, foram 7 dias de conferências, mais de 2 mil sessões e 23 trilhas de conteúdo, desde futurismo, tecnologia e inteligência artificial até saúde, sustentabilidade e economia criativa.
O portal também informou que o SXSW 2025 esperava 2 mil brasileiros por lá, confirmando nosso posto de maior delegação no evento. Assim, naturalmente, os portais de notícias foram inundados nos últimos dias com muitas informações sobre o evento — o LinkedIn, então, nem se fala.
Mas, não precisa mais se preocupar, o Bizi navegou por todos eles (pelo menos a maioria deles) e fizemos uma curadoria em cima dessa curadoria para trazer à sua caixa de entrada o que foi mais impactante e relevante no SXSW 2025 — na opinião da redação.
Vimos diversas reviews de palestras e artigos sobre especialistas de diversas áreas repetindo essa premissa. Em tempos de tanta corrida pelo avanço tecnológico, é importante saber que ainda valemos alguma coisa, rs.
Mas, sem sensacionalismos, esse foi um dos temas mais explorados no palco do evento 2025 este ano. A importância da conexão com outras pessoas, de vivermos a vida real e de nos aprofundarmos na nossa humanidade não é só favorável para as estratégias do trabalho, mas para o bem da nossa saúde mental.
Apesar da corrida para assimilar a inteligência artificial, o que a maioria dos palestrantes deixou claro é que o diferencial competitivo estará, cada vez mais, nas relações humanas. E isso inclui também saber ouvir e conviver com pontos de vista diferentes, principalmente em um mundo de extremos como o que vivemos.
Destaque para a palestra de Douglas Rushkoff, teórico de mídia que já foi um grande entusiasta do online e hoje está mais para o lado offline.
Rushkoff falou sobre como a chegada do online começou como uma promessa de um mundo melhor, na qual ele mesmo acreditava, mas acabou se tornando “uma máquina de controle, previsibilidade e extração de valor” (Fast Company Brasil).
Para ele, nós temos que retomar a estranheza, antes que o digital tome conta de tudo. E isso não impacta só os negócios, mas o jeito como vivemos e nos relacionamos.
“A maneira de incentivar a estranheza é encontrar formas, até mesmo nos negócios, de ser massivamente lucrativo sem depender do crescimento exponencial. No fim, a única coisa que nos resta é olhar para as outras pessoas e cuidar delas.”
— Douglas Rushkoff, Fast Company Brasil
A Fast Company Brasil conversou com Rushkoff lá no evento e a entrevista está disponível aqui.
Em sua palestra, a ex-IBM e Amazon e atual COO e fundadora da Unstoppable Domains, Sandy Carter, falou sobre os mitos da IA que precisam ficar para trás em 2025.
Já é tradição do SXSW: todos os anos, centenas de palestrantes passam pelos palcos do evento, mas o destaque é de Amy Webb, a futurista mais conhecida de todo o setlist.
Da edição de 2024 para cá, o nome do instituto futurista mudou — de Future Today Institute para Future Today Strategy Group — mas o objetivo continuou o mesmo: trazer as principais previsões que provocarão mudanças significativas nas organizações.
Essa é a 18ª edição do Tech Trends Report do, agora, FTSG, com mais de 1000 páginas, divididas em 15 reports: 9 focados na indústria + 6 focados em tecnologia. Você pode ter acesso a tudo isso no site do Future Today, além de conferir a palestra de Amy deste ano.
Mas, o UOL para Marcas disponibilizou uma versão do sumário executivo neste link, para ajudar a navegar por todos esses insights, e, claro, também trouxemos aqui os aprendizados principais aqui no Bizi.
“Esse não é um material desenhado para prever o futuro. Seu propósito é te ajudar a navegar por ele.”
— Amy Webb
Com a evolução da IA juntamente com sensores avançados e a biotecnologia, veremos sistemas que pensam, se adaptam e evoluem além do nosso entendimento.
A futurista fala que não estamos nos tornando robôs, mas com toda essa evolução, os robôs nunca estiveram tão perto de se tornarem mais humanos.
Conforme a IA passa de falar para fazer, não falaremos mais em grandes modelos de linguagem, mas modelos de ação, reconfigurando a fronteira da automação.
Capazes de prever comportamentos no mundo real, esses modelos estão transformando o modo como as máquinas aprendem.
Os robôs estão finalmente deixando o chão de fábrica para ganhar o mundo. Na medida que a tecnologia avança, ela viabiliza cada vez mais a adaptabilidade no mundo real.
Na Siemens, por exemplo, robôs habilitados para IA nas linhas de montagem totalmente automatizadas reduziram os custos de automação em 90%.
(Stephan Schlauss, Head Global de Manufatura, Siemens AG)
Os agentes de IA marcam a transição entre as ferramentas passivas de inteligência artificial para sistemas autônomos que podem realmente tomar decisões e executar estratégias complexas.
“72% das empresas que usam agentes de IA alcançaram ganhos de eficiência nos processos organizacionais.”
— Stanford HAI Survey, 2024
Os metamateriais estão reescrevendo os limites da física, com substâncias modificadas e propriedades que transcendem as limitações naturais.
Esses novos elementos irão transformar o ecossistema da construção, permitindo criar estruturas ultrarresistentes e adaptativas, e até prédios que autorregulam sua temperatura.
Gigantes da tecnologia estão firmando parcerias sem precedentes, até mesmo entre concorrentes, para compartilhar recursos e infraestrutura.
Nesse contexto, a competição dá lugar à “coopetição”, o único jeito possível de permanecer realmente competitivo e inovador no cenário da IA atual.
Os eventos climáticos extremos estão acelerando a inovação climática conforme essa pauta se torna urgente e imperativa, independentemente da indústria.
“82% dos investidores acreditam que as empresas de serviços financeiros de capital aberto que antecipam melhor os riscos ambientais têm mais probabilidade de ter sucesso financeiro.”
— Harvard Business Review
À medida que a IA consome mais e mais energia, as big techs estão buscando por mais poder para alimentá-las — pequenos reatores modulares é o que eles têm encontrado.
“Pequenos reatores modulares podem ser fabricados e implantados dentro de 3-5 anos, acelerando a adoção nuclear.”
— FTSG 2025 Tech Trends Report
A tecnologia atingiu seu ponto de inflexão conforme a correção de erros e sistemas híbridos evoluíram e, pela primeira vez, a computação quântica permite aplicações práticas.
O report chega a citar o Majorana 1 (inovação que falamos aqui), confirmando que a tendência é que, rapidamente, troquemos os chips de IA por chips quânticos, aproximando da viabilização comercial desse avanço.
A iniciativa privada agora está mirando a Lua — literalmente. Essa nova fronteira econômica irá remodelar o comércio e a extração de recursos.
O World Economic Forum estimou que, até 2035, a economia do espaço será de US$ 1,8 bilhões. De fato, o report mostra que mais de US$ 100 bilhões estão sendo investidos por empresas privadas e agências espaciais nacionais em infraestrutura cislunar.
Complexo, não é? Mas agora você tem o fim de semana inteiro para absorver esses insights — e, quem sabe, todas as outras 951 páginas do report completo da FTSG.
🤳 Não coube uma review aprofundada nessa edição, mas não poderíamos deixar de trazer aqui o keynote de Jay Grabber, CEO do Bluesky, sobre um mundo sem Césars — e com o poder dos conteúdos na mão dos usuários. Confira o resumo do Meio & Mensagem.
🤳 Também vale conferir o resumo do Adnews sobre a palestra de Richelle Batuigas, VP de Business Intelligence & Data Strategy da Viral Nation, sobre a ciência da viralização e como é possível usar os dados para prever o que realmente vai engajar.
Muito mais que um evento, o SXSW é um verdadeiro intensivão de aprendizados. Quem faz uma visitinha ao pavilhão de conferências volta parecendo ter passado por uma sabatina corporativa.
Entre os principais aprendizados sobre o perfil do profissional do futuro, trouxemos 2 destaques: ser um aprende-tudo é bem melhor que ser um sabe-tudo e a importância de conviver com a incerteza.
Na palestra do Chief Futurist da Deloitte Consulting, Mike Bechtel, ele falou sobre como os profissionais de amanhã têm que mudar seu foco ainda hoje.
Por muito tempo, fomos instruídos a nos especializar em uma área até se tornar referência no assunto. Mas, para Bechtel, o futuro é menos sobre essa especialização e mais sobre a convergência de conhecimentos. Chegou o tempo de ser mais generalistas e saber conectar pontos complementares em diferentes disciplinas.
“O futuro pertence aos ‘dot connectors’, não aos ‘dot perfecters’.”
— Mike Bechtel, SXSW 2025
Para o futurista, o ideal é ser um “profissional em T”, que se aprofunda em uma área e tem amplo conhecimento em outras, ou ainda um “profissional em X”, que conecta diversas áreas e diferentes perspectivas.
Para a autora de livros renomados sobre a inovação e como lidamos com ela, a incerteza não é uma fraqueza, mas um caminho para sobreviver na era da sobrecarga de informações e constantes transformações.
Em sua palestra no SXSW 2025, Maggie falou algo parecido com Mike: precisamos trocar o modelo de “experts em rotina” (em que o profissional continua se aprimorando no que já conhece), para o modelo de “experts em adaptação” (em que o profissional questiona o novo e se adapta para compreender os novos cenários).
A autora complementa dizendo que a incerteza leva a um ciclo muito positivo: com a discordância, vem a incerteza, mais curiosidade e, consequentemente, mais interesse.
Usando a neurociência, Maggie explicou que, quando nosso cérebro enfrenta a incerteza, ele fica mais atento e se torna mais aberto à informação.
E que profissional não quer isso, não é mesmo?
Se tem uma disciplina importante para o SXSW, ela é “futurismo” — deu para ver pelas pautas que trouxemos aqui. E todos os nomes que falaram sobre essas diferentes possibilidades de futuro concordam em um ponto: ele se constrói agora.
No painel que reuniu a ex-primeira-dama dos EUA, Michelle Obama, e Craig Robinson, seu irmão, com a Dr.ᵃ Laurie Santos, professora de psicologia e apresentadora do The Happiness Lab, eles falaram sobre como é importante imaginar que diferentes futuros são possíveis.
O conteúdo está em um episódio do IMO, podcast com os irmãos, que estreou hoje no Spotify.
O tema principal foi sobre transformar desespero em esperança, por meio das narrativas que construímos agora e o principal aprendizado é: se queremos que futuros mais inclusivos possam se tornar realidade, precisamos começar a contar essas histórias agora.
O que se conecta diretamente com o que Arvind Khrisna, CEO da IBM, também abordou em sua palestra: para liderar o mercado hoje, é preciso enxergar novas possibilidades antes mesmo que elas passem a existir.
Segundo a Fast Company Brasil, esses são os 3 princípios do SXSW 2025 para transformar o futuro:
Segundo a autora Grazi Mendes, a inovação de verdade precisa de espaço para acontecer.
Novas ideias e soluções disruptivas não vêm da cobrança excessiva, mas de um espaço dedicado ao pensamento sem pressão.
As histórias que contamos têm impacto no que fazemos, as narrativas moldam o nosso futuro.
Por isso, os líderes precisam aprender a usar esse recurso em busca da inovação, e não da repetição de modelos do passado.
O passo final dessa construção é, de fato, sair do campo das ideias e começar a agir de acordo com essas narrativas.
De acordo com Mendes, empresas inovadoras são assim porque testam novas ideias mais rápido e, consequentemente, aprendem mais rápido. Siga o exemplo delas para aprender e antecipar mudanças.
O SXSW 25 também serviu como palco para o lançamento da Associação Brasileira de Futuristas (ABF-Pro) que, segundo a cofundadora da consultoria de inovação White Rabbit, Luciana Bazanella, é um passo essencial para acender o setor de pesquisa de futuros no Brasil.
“A capacidade de imaginar e planejar futuros é uma habilidade essencial para qualquer sociedade. Quanto maior a capacidade das pessoas de estudar futuros, maior a nossa chance de ter um futuro melhor.”
— Luciana Bazanella, Fast Company Brasil
O objetivo da associação é fortalecer a profissão de futurista por aqui, incentivar a produção científica na área e ampliar o acesso ao conhecimento sobre futuros possíveis.
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