bizi | 29.11.24
Mais um ano, mais um Bizi na Black Friday para ser o único e-mail da sua caixa de entrada que não contém promoções, mas algo muito melhor: insights quentinhos e na faixa sobre tudo o que está rolando no mercado. Hoje, vamos falar sobre a regulamentação das redes sociais, transparência de dados nessas plataformas, a percepção sobre mulheres na liderança, a relação da Gen-Z com a inteligência artificial e muito mais.
PS: ff0072 é o tom de rosa que usamos na nossa news 😉
Assim como vimos acontecer em outros países, o Brasil também está de olho nas redes sociais.
Mas, ao contrário da discussão sobre dados e conteúdo impróprio para crianças e adolescentes que inundou as notícias, por aqui, a preocupação é com os conteúdos mais sensíveis para a cena política atual: discursos de ódio, ataques ao governo e à democracia.
A pauta é um dos temas mais importantes do ano para o STF e terá impacto direto na forma como as plataformas tratam os conteúdos de seus usuários.
Se vocês está chegando agora, preparamos um resuminho Bizi em 3 pontos:
O julgamento da regulamentação das redes sociais vai discutir basicamente 2 assuntos:
O primeiro, com uma ação, discute a possibilidade de bloqueio do WhatsApp por decisões judiciais — e analisa se isso ofende a liberdade de expressão e o princípio da proporcionalidade.
Já o segundo, com duas ações, busca expandir a responsabilidade das plataformas de redes sociais sobre os conteúdos postados, “principalmente os de teor golpista, de ataque à democracia ou com discurso de ódio” (CNN).
A discussão se baseia nos princípios, garantias, direitos e deveres do Marco Civil da Internet, lei sobre o uso da internet aqui no Brasil.
Acontece que esta lei não prevê essa responsabilização por parte das plataformas, a menos que haja o descumprimento de decisão judicial determinando a remoção de conteúdos, como previsto no Artigo 19 da lei. (Se soa familiar para você, é porque você acompanhou a saga de Elon e X no STF com o Bizi.)
Por isso, o processo todo também envolve uma revalidação e possível ampliação do Marco Civil da Internet. Os processos são de relatoria dos ministros Edson Fachin, Dias Toffoli e Luiz Fux.
Segundo a fala de Toffoli durante a sua leitura na sessão, “é preciso atualizar o Marco Civil da Internet depois de 10 anos de ‘transformações sociais, econômicas e políticas, provocadas pelas tecnologias disruptivas’” (Poder 360).
A pauta existe desde maio do ano passado, mas não tinha avançado até agora. E, aparentemente, vai ter que esperar mais um pouco.
A discussão, que começou na quarta-feira (27), foi suspensa já na quinta-feira (28). Mas a previsão é voltar na quarta-feira da próxima semana (4 de dezembro), quando a Corte retomará a análise de processos.
De acordo com a fala (e o otimismo) do presidente de STF, o ministro Roberto Barroso, a previsão é de que todos os relatores concluam a leitura de seus votos para que o julgamento seja concluído ainda em 2024.
O TikTok pediu mais tempo à ANPD (Agência Nacional de Proteção de Dados) para fazer as adaptações no acesso de menores de 13 anos à plataforma.
Segundo a Agência, depois de uma investigação que começou em 2021, “foram identificadas irregularidades na coleta e tratamento de dados de jovens na rede social”.
Vale lembrar que, de acordo com o próprio TikTok, a plataforma é para pessoas a partir de 13 anos. Mas, sabendo que alguns ignoram essa regra, eles fazem vistorias constantes para eliminar essas contas.
O pedido da ANPD, então, foi que o TikTok encerrasse a possibilidade de acessar a plataforma sem login, pois, segundo eles, essa pode ser uma forma de continuar burlando as regras da rede vizinha.
Além do Marco Civil da Internet, o Marco Legal da IA também está próximo de acontecer no Brasil. Entre outras questões, o projeto prevê a classificação do nível de risco de IAs que já existem ou ainda serão desenvolvidas no país.
O PL 2.338/2023 se inspira na regulamentação europeia sobre a tecnologia, mas também tem suas diferenças, como a falta de clareza em alguns pontos da lei brasileira.
O que começou a ser discutido ainda em 2022, pode ter seu fim também na próxima semana, de acordo com o autor do PL e também presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
Por falar em internet e redes sociais, um relatório do NetLab UFRJ (Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro) juntamente com a Senacon/MJSP (Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça e Segurança Pública), mostrou que o uso de dados nesses locais precisa ser mais transparente.
O relatório faz parte de um projeto dessas entidades sobre a desinformação e como isso impacta nas relações de consumo dos brasileiros.
Para isso, o NetLab criou dois indicadores:
Enquanto o ITD avalia critérios como acessibilidade, conformidade, consistência e relevância dos dados em redes sociais, o ITP avalia o nível de transparência e de qualidade dos dados de anúncios nessas plataformas.
E esses são os principais pontos do relatório:
Para Rose Marie Santini, professora da Escola de Comunicação da UFRJ e diretora do NetLab UFRJ, e Marcio Borges, pesquisador associado do NetLab UFRJ, a solução para ter mais transparência de dados deve ser uma busca coletiva, pois esse é um problema sistêmico, não individual.
De acordo com eles, a transparência também deve ser o mais simples possível, para facilitar sua adoção como norma. Mais uma vez inspirados pela regulamentação europeia, os pesquisadores acreditam que os anúncios também precisam ser acessíveis a todos:
E isso é importante até mesmo quando falamos em golpes online, que ficaram ainda mais sofisticados e convincentes nas redes sociais.
Santini e Borges acreditam que esse é mais um motivo para trazer mais observadores a esse ecossistema. Mas essa não é a única solução. Os pesquisadores também apostam na responsabilidade das plataformas sobre esse tipo de conteúdo.
E adivinha aonde isso esbarra? Sim, no Artigo 19 do Marco Civil da Internet, que falamos aqui em cima.
Vale lembrar que, segundo eles, essa não é uma forma de prejudicar a publicidade online ou o funcionamento das redes sociais, mas de beneficiá-las.
Com mais transparência, existe mais segurança e confiança nesses meios, o que consequentemente reflete no sentimento dos consumidores sobre as marcas que anunciam ali.
Por enquanto, uma das únicas medidas tomadas pelas plataformas são os selos digitais de autenticidade, mas para Santini e Borges, isso não tem sido suficiente.
Enquanto nos meios de comunicação, a publicidade é passível de observação, no meio digital ela é totalmente individualizada. As plataformas digitais conseguem entregar um anúncio só “para você” sem que haja registros disso para verificação. Segundo os pesquisadores, isso não é equidade.
Pelo jeito, quanto mais falamos em dados na internet, vemos mais claramente que ainda estamos muito distantes do ideal.
O que achou do relatório? Conta pra gente!
De fato, elas incomodam bastante. O relatório The Reykjavík Index for Leadership, da consultoria Verian, que mede a percepção sobre a liderança em 23 setores econômicos nos países do G7, mostrou que cada vez menos pessoas se sentem confortáveis com líderes mulheres.
O índice mede o quão igualitárias são as percepções de gênero no nível da liderança e dá pontuação de 0 a 100 para isso. Uma pontuação 100 representa um cenário onde as mulheres são vistas tão igualmente aptas para liderar quanto os homens.
Mas este ano, o resultado para Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos foi bem diferente.
A pontuação em 2024 foi de 68 — a mais baixa desde o início da medição, em 2018. Essa percepção de igualdade atingiu seu pico entre 2019 e 2021, com 73 pontos, mas vem caindo, desde então.
Para Michelle Harrison, CEO da Verian, isso não significa que a percepção sobre lideranças femininas caiu em todos os setores. Em setores como bancário, financeiro e ciências naturais, além de setores tradicionalmente dominados por mulheres, como educação, saúde e cuidados infantis, essa percepção, na verdade, aumentou.
A executiva vê uma confirmação da “masculinização” em setores que já eram tradicionalmente dominados por homens, como defesa, polícia, indústria automobilística e engenharia.
“Vivemos em uma era marcada pela falta de progresso e, em alguns casos, por atitudes cada vez mais regressivas em relação à liderança feminina.”
— Michelle Harrison, CEO da Verian
Especificamente nos EUA, isso provavelmente se refletiu nas eleições presidenciais, um dos momentos mais importantes do país.
Mesmo estando apenas no G20, será que o sentimento é o mesmo aqui no Brasil?
Já trouxemos o assunto aqui outras vezes e, por enquanto, o quadro da liderança feminina por aqui não parece mais promissor do que lá.
Caso você não tenha conferido antes, aqui trouxemos um estudo da B3 sobre mulheres e negros na gestão, e aqui falamos sobre um levantamento do IBGC sobre a presença delas nos cargos de administração.
Vale a pena conferir — e fazer sua parte para mudar essa realidade.
Não é novidade que a IA está cada vez mais presente no ambiente de trabalho. Diversas empresas já abraçaram a tecnologia e a tendência é que isso só aumente daqui para frente.
Mas, de acordo com um estudo da Challenger, Gray & Christmas, tem um grupo muito específico que está se adaptando mais rapidamente à novidade: a Gen-Z.
Isso não é exatamente uma surpresa, visto que a geração é nativa digital e demonstra o mesmo comportamento com basicamente tudo o que vem desse ambiente. E, às vezes, nem tanto assim, como vimos aqui.
Mas, olhando o cenário macro, isso pode indicar um possível descontrole no uso da IA nas empresas no futuro.
“Assim como acontece com as mídias sociais e a adoção de aplicativos de escritório como Zoom ou Slack, os mais jovens tendem a abrir caminho e definir o ritmo do uso de novas tecnologias para outras faixas etárias seguirem — como agora parece ser verdade com a inteligência artificial.”
— Inc.
O ponto aqui é que, é natural que os mais jovens se entendam com a tecnologia primeiro. Mas não podem ser eles a ditarem a forma como usaremos essas ferramentas.
Mais dados da upGrad Enterprise apontam que:
“Outra pesquisa ainda mostrou que 62% dos funcionários mais jovens temem que os aplicativos de IA possam eventualmente eliminar seu trabalho. Essa preocupação com a segurança do emprego pode explicar por que 56% disseram que preferiam confiar em bots inteligentes para encontrar as respostas de que precisam, em vez de pedir ajuda aos seus chefes.”
— Inc.
Para a CEO da upGrade, Srikanth Iyengar, isso reflete (ainda mais) a urgência das empresas terem suas próprias diretrizes sobre o uso de IA, assim como treinamento direcionado para seus funcionários.
Na sua empresa também acontece assim? Como estão as diretrizes sobre IA por aí?
🛍️ Não teve promoção, mas esperamos que você tenha aproveitado com a mesma empolgação a nossa news especial de Black (ou rosa-bizi) Friday! Até a próxima!
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