bizi | 18.08.23
Você ainda vai ao trabalho presencial? Ou voltou depois de um tempo?
Falar sobre os modelos de trabalho já é algo comum aqui no Bizi, afinal, essa é uma discussão que não acabou depois do período pandêmico — e, um spoiler, a redação trabalha em home office.
Todos os dias, essa conversa ganha novas opiniões, novas nuances, novos estudos e também algumas surpresas. Uma delas, especialmente, trouxe o assunto de volta hoje.
Até aí, ok, só mais uma empresa fazendo o caminho de volta, certo? Seria, se a Zoom não fosse uma das maiores empresas de videoconferência do mundo e uma dos maiores representantes do trabalho remoto.
Caso você tenha estudado, trabalhado ou até mesmo feito reuniões informais com amigos e familiares, muito provavelmente você usou a plataforma.
Mas, o fato é que, até mesmo o símbolo do home office está voltando para o presencial. O comunicado oficial da Zoom dizia que:
“Como empresa, estamos em uma posição melhor para usar nossas próprias tecnologias, continuar inovando e oferecer suporte a nossos clientes globais. Continuaremos a alavancar toda a plataforma Zoom para manter nossos funcionários e equipes conectados e trabalhando com eficiência.”
— CNN
A nova política de trabalho funciona assim: pessoas que moram a até 80km de distância de um escritório da Zoom devem trabalhar de forma presencial pelo menos 2 dias na semana.
Segundo a empresa, essa é uma “abordagem híbrida estruturada” — e muito irônica, convenhamos.
Mas não é só ela
Por mais controversa que a decisão possa parecer, a Zoom não está sozinha. Outras grandes empresas — inclusive de tecnologia, como Google e Amazon — também estão retomando a rotina pré-pandemia das idas ao escritório.
Até a Casa Branca, que seguia em um regime mais flexível até agora, recentemente também pediu maior frequência dos funcionários públicos ao escritório.
Há alguns dias, o Publicis Groupe, nos Estados Unidos, determinou que os funcionários das agências digitais devem trabalhar presencial no mínimo 3 dias na semana.
O descumprimento da regra traz punições significativas: exclusão dos programas de bonificação e até possíveis prejuízos em caso de promoções ou mudança de cargo.
A decisão da holding começa a valer já em setembro e, por enquanto, é só para os EUA.
Mas a Chief Talent Officer do grupo por aqui, Camila Dantas, contou ao Meio & Mensagem que mais de 60% dos colaboradores já vão ao escritório por cerca de 50% do tempo.
E outros grupos seguem na mesma pegada.
“A Lew’Lara\TBWA, por exemplo, estabeleceu o modelo híbrido desde março de 2022 e não pensa em mudar a regra, por acreditar que ela atende às necessidades das pessoas, da agência e dos clientes, além de contribuir com a mobilidade urbana e com as novas demandas emocionais, individuais e familiares dos colaboradores, como explica Elise Passamani, VP de cultura e operações da agência.”
— Meio & Mensagem
Aliás, esse pensamento de preservar a flexibilidade conquistada também está presente na VMLY&R, agência da holding WPP.
De acordo com a Chief Operating Officer da agência, Jaqueline Travaglin, desde o fim da pandemia os gestores foram convidados a incentivar que essa volta para o presencial acontecesse naturalmente, com eventos e ações internas que valorizam o time.
Hoje, mais de 80% dos funcionários vão ao escritório de terça-feira à quinta-feira, cerca de 50% vão às segundas-feiras e nas sextas-feiras o consenso é o home office.
Modelos flexíveis não são só alegrias
Geralmente, a “desculpa” dessas empresas para ter os funcionários ocupando as cadeiras do escritório no presencial gira em torno de 3 questões:
Primeiro de tudo, essa é a clássica pergunta que se responde com um bom “depende”.
Depende muito do tipo da empresa, em qual setor ela atua, qual é a estrutura do negócio e, principalmente, se ela tem — ou é capaz de ter — uma operação pronta para funcionar à distância.
E tudo bem se não tiver. Os restaurantes, por exemplo, foram um dos grupos mais prejudicados durante esse período porque simplesmente não dá para trabalhar à distância.
Mas mesmo quando existe possibilidade de flexibilização, faz sentido optar por não flexibilizar?
Um novo estudo da Universidade de Stanford trouxe alguns insights que podem esclarecer ou confundir mais essa questão:
O levantamento mapeou que hoje essa é a divisão:
Mas, uma descoberta da universidade pode mudar um pouco as coisas. Segundo a pesquisa, há uma redução de 10% a 20% na produtividade dos colaboradores quando estão trabalhando remotamente.
“O estudo de Stanford cita desafios na comunicação e coordenação do trabalho, diminuição de novas conexões profissionais, redução da criatividade por causa de distrações e menos aprendizado, orientação e feedback. Outro motivo significativo para a redução da produtividade no trabalho remoto está relacionado à disciplina e ao autocontrole.”
— Forbes
De onde vem, então, a produtividade?
O interessante é que, enquanto os resultados indicam essa queda e, de fato, os gerentes acreditam que a produtividade é cerca de 3,5% menor em casa, os funcionários sentem o contrário.
Segundo a Forbes, essa impressão divergente pode acontecer não pela produtividade em si, mas pelos efeitos colaterais desse comportamento.
Especialistas afirmam que as pessoas têm dificuldade de reconhecer e dizer o quão produtivas realmente são. Mas, quando estão em casa, se sentem mais motivadas, felizes, engajadas com o trabalho e até mais propensas a permanecer na empresa, por N fatores que contribuem para isso.
Todas essas sensações são conhecidas como reflexos, ou efeitos colaterais, de ser mais produtivo.
Na verdade, sabemos que é cíclico, não é mesmo? Quando estamos mais satisfeitos e até mais relaxados, produzimos mais e melhor e, assim, somos mais criativos e mais concentrados.
Consequentemente, isso faz com que fiquemos ainda mais satisfeitos com nosso trabalho e os resultados que estamos alcançando, e você com certeza já entendeu onde isso vai dar.
Se a Zoom e tantas outras empresas tiveram acesso à pesquisa de Stanford, não sabemos. Mas, talvez — e nem estamos dizendo isso só para garantir o nosso home office —, a resposta não tenha nada a ver com o modelo certo, e sim com o jeito certo de lidar com a sua equipe, independentemente do modelo escolhido.
Se o medo é da falta de produtividade, existem vários softwares e ferramentas que podem ajudar nessa gestão. Boas opções não faltam, a gente garante.
E, muito além disso, entender que engajamento e comprometimento do time não tem nada a ver com o local, mas tudo a ver com a cultura da empresa.
Se não tiver uma cultura muito bem estruturada, com espaços de diálogo verdadeiramente abertos e transparência em suas tratativas, não há modelo de trabalho que te salve.
Vale a pena pensar nisso. Conselho do seu amigo Bizi, à distância e igualmente conectado com você.
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