bizi | 07.05.25
Antes de te contar como foi o evento, queremos te contar como chegamos lá. Todos os anos, junto da venda de ingressos para o summit, a organização também libera um formulário de inscrição para veículos de mídia que queiram cobrir o Web Summit Rio. Foi assim que o Bizi se inscreveu e foi aceito, no meio de diversos veículos proeminentes e, inclusive, muito maiores, digitais e offline, do Brasil todo e também do mundo.
Vale ressaltar que um dos principais nomes nesse cenário é a Rede Globo — que teve uma semana agitada, com o Web Summit Rio de um lado e a comemoração dos 60 anos da emissora do outro, que deve ter dado tanto trabalho quanto, rs.
E por que isso seria importante para você? Porque, caros leitores, tudo isso só foi possível pela assiduidade da sua abertura de e-mails, seu interesse crescente em nossa curadoria, ou até mesmo pela sua pressa em saber o que está rolando no mercado.
Seja como for, somos uma redação grata pela oportunidade de trabalhar mais um pouco, mas no Rio de Janeiro estar em mais lugares e trazer mais insights para o seu dia a dia profissional. Obrigada!
O Bizi é uma newsletter jovem, aproveitando a onda de ascensão desse formato, é claro, mas também honrando cada oportunidade de ser mais relevante e estratégico, trazendo muito valor, de graça.
Coração leve e disclaimer feito, vamos aos principais insights do Web Summit Rio 2025.
Nessa cobertura, você vai encontrar:
Tecla SAP: Mentiras, malditas mentiras e IAs (perde a piada, mas não perde o contexto)
Na primeira palestra que assistimos no evento, Jim Webber começou com uma provocação interessante: o que é que tem sido treinado extensivamente, responde confiantemente (mesmo quando comete erros), esconde seu raciocínio e é muito caro?
Se você pensou em inteligência artificial, está errado — ou quase.
A resposta de Jim foi “Boris Johnson, ex-primeiro-ministro do Reino Unido”, que, entre seus principais feitos, ficou conhecido como o único ministro da história britânica processado enquanto ainda exercia o cargo por não dizer a verdade. Segundo ele, a IA sofre do mesmo problema.
Jim usou mais alguns exemplos para mostrar como a IA responde a algumas questões — confiantemente e sem mostrar seus métodos — para passar informações erradas, incompletas e até ilógicas. E o pior: temos aceitado isso como verdade absoluta.
A proposta do Chief Scientist é que, ao invés de tentar se bem-sucedido com a IA, você se esforce para ser bem-sucedido com os dados. E é aqui que a coisa começa a ficar um pouco mais técnica.
Ele apresenta os knowledge graphs, gráficos de conhecimento que conectam dados de diferentes fontes sobre um mesmo assunto, organizando informações e a relação entre elas para fornecer melhores respostas. É um mecanismo essencial da pesquisa Google, por exemplo. Segundo Jim, os knowledge graphs podem aumentar a capacidade dos modelos de IA.
Por sua vez, os knowledge graphs precisam de padrões técnicos, um deles é o RAG (Retrieval Augmented Generation ou Geração Aumentada de Recuperação), que traz contexto à ferramenta de IA e permite fornecer respostas boas e sem alucinações.
Assim nasce o graphRAG, a combinação entre esses conceitos que já tem sido usado por grandes empresas para resolver problemas reais com performance, eficiência e precisão.
Para o executivo, o futuro não está escrito, mas é claro que estamos entrando em uma era de agentes de IA, que vão colaborar entre si para facilitar tarefas muito complicadas. Você já está caminhando para esse futuro?
Por fim, o Chief Scientist deixou ainda 3 dicas:
“Permita que as pessoas experimentem, permita que as pessoas expandam seus conhecimentos sobre ferramentas de IA, para poderem implantá-las e usá-las.”
— Jim Webber, Chief Scientist na Neo4j
Tecla SAP: O apetite insaciável da IA por energia
Nessa entrevista superinteressante sobre a relação da IA com a sustentabilidade e a crise climática, o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação começou admitindo que a IA é incrível, mas seu consumo de energia preocupa.
No mesmo dia, uma queda de energia em parte da Europa chamou a atenção sobre a sobrecarga do sistema de energia no mundo todo. Sabemos que a IA tem colaborado para isso, mas, segundo o Ministro, o Brasil já está em busca de soluções:
Fernandes contou que algumas ações já estão acontecendo nesse sentido e durante vários momentos da entrevista ele repetiu o lema de seu departamento: “IA para o benefício de todos”.
Algumas dessas ações são:
O Ministro ainda disse que esse é um trabalho em conjunto com outros países: “queremos trazer todos para a discussão, no BRICS principalmente”. Não é fácil, porque alguns interesses são diferentes; a regulamentação, por exemplo, é um ponto muito importante para o Brasil. Mas o processo se baseia em encontrar o equilíbrio entre os objetivos em comum.
Por fim, o Ministro disse que esse apetite da IA é um desafio global, com impacto global. Portanto, não adianta termos soluções nacionais apenas. “Esses desafios globais têm que ser resolvidos juntos”.
Tecla SAP: Hackeando a experiência do consumidor em uma era de agentes
“Tenho certeza que todos já tivemos experiências de atendimento frustradas com um robô do outro lado, sem entender nada.” — Foi assim que a repórter Maria Curi abriu esse painel.
E a resposta de Pedro Andrade, VP de IA na Talkdesk foi: “sei que podemos ter boas experiências se treinarmos os agentes de IA para ter boas opções e boas respostas”. Nada mal, não é mesmo?
O executivo entende que, atualmente, as pessoas odeiam bots, rs. Mas também garantiu que eles estão melhorando, e podem avançar ainda mais nessa era de agentes que estamos entrando agora.
E o impacto dessa decisão vai direto na forma como os clientes se sentem em relação à marca. Para ele, os agentes de IA não são só sobre eficiência, são sobre experiência.
Parte essencial dessa experiência é construir uma interação emocional entre agentes de IA e o consumidor. Por isso mesmo não existe uma fórmula para todas as marcas. De acordo com Pedro, essa construção acontece da mesma forma como você treinaria uma equipe de CS — muitas vezes com as mesmas palavras, inclusive.
Mas uma dica universal é realmente treinar a IA para falar a linguagem da sua marca, o inclusive do jeito que ela fala com clientes específicos.
Ele chamou isso de “messy type of conversation” ou “tipo de conversa bagunçada”, que é extremamente humano e gera conexão. É esse tipo de interação que os consumidores querem. Elas querem continuar falando de um jeito normal, de um jeito humano. Do outro lado, o agente de IA precisa agir assim também.
Para ele, a mudança fundamental que a IA permite é criar uma experiência fluida e verdadeiramente omnichannel, onde haja coerência entre os diferentes canais que a marca usa.
Tecla SAP: IA e a ascensão do blanding
Você certamente já ouviu falar sobre branding — inclusive aqui no Bizi. Mas e o BLANDING?
Essa junção não-oficial das palavras branding (marca) + blending (misturar) significa exatamente o que você está pensando = marcas cada vez mais iguais, sem personalidade ou diferenciação.
De acordo com Lisa Smith, elas estão ficando “muito flat” (básicas, lisas, chatas). E não é só no design: a estrutura das marcas, dos valores aos produtos estão ficando iguais.
A Diretora Criativa conta que esse movimento começou como uma pandemia, atingindo um setor da indústria por vez: primeiro foi a moda, aí foi para o design de interiores, e hoje é geral.
O desafio então é criar uma marca única em meio a um mundo flat. Para isso, a IA veio para ajudar, mas ainda não está sendo utilizada da forma correta.
Segundo Camila, a tecnologia não veio para tomar os nossos empregos, mas para potencializar, melhorar a nossa inteligência. Só que ainda não estamos usando dessa forma. De acordo com a CEO, “estamos apenas adicionando mais barulho a esse problema”.
Lisa conta que, no começo, as pessoas brincavam com a IA e até citou exemplos de marcas que entraram nesse movimento, como Heinz e Coca-Cola. Isso permitia que elas fossem criativas de um jeito divertido, mas hoje se tornou perigoso arriscar sem propósito. Terceirizar todos os esforços de branding para uma ferramenta, então, nem pensar!
As executivas concordam (e a gente também): essas marcas geradas por IA não tem identidade, muito menos uma proposta única de valor. Elas não foram construídas, lapidadas… foram apenas geradas.
Para Camila, as marcas precisam de símbolos únicos que ajudem as pessoas a não somente reconhecer uma marca, mas extrair significado disso.
É possível criar coisas incríveis com a IA, mas sem uma pessoa por trás, criando ideias e orientando a ferramenta, isso vai se perder, afinal, o que vem fácil, volta fácil também.
O recado final do painel foi por conta do host, o escritor Rob Pegoraro: “deixe a IA fazer o trabalho chato, mas não seja chato”.
Tecla SAP: Pertencimento e cultura: criando espaço em tempos de polarização
Qual é o papel da liderança em um cenário polarizado? E como sustentar culturas organizacionais que acolham diferentes pessoas, pensamentos e trajetórias em um mundo que parece caminhar na direção oposta?
Essa foi a pergunta principal desse painel sobre diversidade, inclusão e a prática de tudo isso.
Para Livia Martini, a diversidade tem que partir da liderança, mas logo se transformar em ações práticas, para que possa sair do papel. É a liderança que vai modelar o comportamento, mas todos precisam saber o que é aceitável ou não.
De acordo com Verônica Dudiman, o ponto da virada está também em entender que diversidade não é assistencialismo, é uma decisão estratégica do negócio. A partir do momento que a empresa investe em times diversos, com repertórios plurais, os produtos serão mais inovadores e conectados com a população.
Por sua vez, a CEO Laura Salles apresentou 4 pilares principais para falarmos de pertencimento:
Segundo ela, a primeira coisa que as pessoas olham para saber se diversidade e inclusão realmente fazem parte da empresa é a marca empregadora. Então, é por aí que a gente tem que começar a melhorar, mas não ficar só nesse departamento; tem que se espalhar para todas as áreas.
Por falar em “todas as áreas” a representação da diversidade é essencial aqui também. Verônica trouxe um dado chocante: a população negra corresponde a 56% da população brasileira, mas apenas 8% da população negra está em posições de liderança.
“Se a gente só tem um tipo de perfil olhando e tomando as decisões, como a gente vai ser assertivo em se conectar com esse país de proporções intercontinentais?”
— Verônica Dudiman, Co-founder na Indique
Para finalizar, Livia explicou que, hoje, existe uma mudança de perspectiva no que as pessoas esperam das empresas. E os motivos podem surpreender.
“As pessoas escolhem a empresa tanto quanto a empresa escolhe os funcionários. Mais de 85% das pessoas dizem que é tão importante ou mais do que o salário que a empresa se preocupe com ela.”
— Livia Martini, Chief People Officer na Wellhub
Você se identifica com isso?
A executiva finalizou dizendo que essa é uma tendência não vai embora.
A partir de agora, as empresas precisam se acostumar e se adaptar com a preocupação com o bem-estar, a segurança psicológica e as prioridades da relação entre empresas e seus colaboradores.
No painel sobre “CEO creators”, com Flavia Rosario, Brasil General Manager na Manychat, a criadora de conteúdo Bárbara Brito Novaes e Cristiane Guterres, Jornalista no UOL, o tema escolhido e debatido foi como conciliar ser mulher, CEO e ainda criar conteúdo sobre isso. Além de dicas para equilibrar esses pratinhos — como contar com a ajuda da tecnologia ou delegar tarefas quando possível — uma habilidade essencial se destacou:
“Quem não entende de pessoas, não entende de negócios.”
— Bárbara Brito Novaes, Creator
Também em uma palestra sobre o novo cenário dos negócios, a fundadora e CEO do festival Feira Preta, Adriana Barbosa, falou sobre a radicalidade da diversidade:
“As mudanças sobre diversidade são radicais, também precisamos ser radicais para combatê-las. E radicalidade tem a ver com pluralidade.”
— Adriana Barbosa, Founder & CEO da Feira Preta
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