Recentemente, muitas empresas parecem ter entrado em uma marcha-ré quando se trata dos programas de diversidade, equidade e inclusão — também conhecidos como DEI.
Aliás, não só isso, mas todos os aspectos do ESG, como falamos nessa edição.
De fato, desde a eleição de Trump nos EUA, as coisas estão bem diferentes em todo o globo e as empresas refletem essa mudança. Não necessariamente para melhor.
O movimento ganhou força com a volta do empresário ao comando do país, mas, na verdade, antecede sua vitória no complexo sistema eleitoral norte-americano.
Nesse artigo, a Forbes fez uma linha do tempo, começando em 16 de julho de 2024. Nesse dia, a fabricante de tratores e máquinas John Deere disse que “não apoiaria mais eventos de ‘conscientização cultural’, como paradas do Orgulho, e que auditaria documentos da empresa para remover ‘mensagens de motivação social’”.
De um jeito muito ruim, a empresa andou para que outras pudessem correr nessa mesma direção:
Confira, então, algumas empresas que cancelaram seus programas de DEI.
2024:
19 de agosto de 2024: a Harley-Davidson disse que abandonou sua “função DEI” e não utilizaria mais cotas de diversidade
22 de agosto de 2024: a Brown-Forman (fabricante do Jack Daniels) anunciou que não veicularia mais o progresso de DEI à remuneração dos executivos
28 de agosto de 2024: a Ford Motor Co. anunciou que não participaria mais de pesquisas externas sobre diversidade;
1 novembro de 2024: a Boeing desmanchou seu departamento de DEI;
25 de novembro de 2024: o Walmart anunciou que encerraria seus compromissos de DEI, incluindo um Centro para Equidade Racial sem fins lucrativos.
Janeiro de 2025:
6 de janeiro de 2025: o McDonald’s disse que abandonaria metas específicas de diversidade e mudaria o nome da equipe de diversidade para “Equipe de Inclusão Global”;
10 de janeiro de 2025: a Meta anunciou que cancelaria programas destinados à contratação de candidatos diversos, além de programas de treinamento de equidade e inclusão;
10 de janeiro de 2025: no mesmo dia, a Amazon também anunciou que reverteria os “programas e materiais desatualizados” em um memorando interno (embora não tenha especificado o que seriam esses programas);
17 de janeiro de 2025: até o FBI anunciou o fechamento de seu escritório de DEI.
Fevereiro de 2025:
5 de fevereiro de 2025: o Google informou por e-mail que não teria mais metas de contratação para melhorar a diversidade da equipe;
7 de fevereiro de 2025: a consultoria Accenture disse que não usaria mais metas de diversidade em contratações e promoções;
11 de fevereiro de 2025: a Deloitte comunicou aos os funcionários dos EUA que reverteria suas metas de DEI e deixaria de emitir relatórios de diversidade. A filial da empresa no Reino Unido, porém, disse que a diversidade de sua equipe “continua sendo uma prioridade”;
11 de fevereiro de 2025: a Disney anunciou mudanças em suas políticas de DEI, como a exclusão do site “Reimagine Tomorrow”, que destaca funcionários diversos, e ajustes nos avisos de conteúdo anexados a alguns dos filmes mais antigos no Disney+ para remover referências à diversidade e cultura;
11 de fevereiro de 2025: o banco Goldman Sachs disse que abandonaria a exigência de que uma empresa tenha pelo menos dois membros diversos em seu conselho de administração para abrir o capital;
20 de fevereiro de 2025: a Pepsi anunciou que não usará mais metas de representatividade na contratação, fará a transição do “Chief DEI Officer” para se concentrar mais no desenvolvimento de funcionários e mudará seu programa de diversidade de fornecedores.
Por fim, no dia 20 de fevereiro de 2025, o Citigroup, também anunciou suas mudanças. O banco decidiu renomear sua equipe de “Diversidade, Equidade e Inclusão e Gestão de Talentos” para “Gestão de Talentos e Engajamento”. Entre outras mudanças, também escolheu encerrar metas de contratação de diversidade.
E isso porque nem estamos citando todas as empresas, somente as que também são bem conhecidas aqui no Brasil. Grande parte delas, atribuem essas atualizações às exigências de Trump.
“As recentes mudanças na política do governo federal dos EUA, incluindo novos requisitos que se aplicam a todos os contratados federais, exigem mudanças em algumas das estratégias e programas globais que usamos para atrair e apoiar colegas de diversas origens.” — Jane Fraser, CEO do Citigroup, para a Bloomberg
Mas, como todo movimento tem seu contraponto, outras empresas também anunciaram recentemente que vão manter seus programas de DEI, pois acreditam fortemente na efetividade disso para o negócio.
Algumas delas são:
Apple
Delta Airlines
NFL (realizadora do Super Bowl)
Coca-Cola
Aliás, a Coca-Cola reafirmou em seu site nesta semana que DEI continua no centro dos valores e da estratégia de crescimento da empresa, de acordo com essa matéria do AdAge.
A dona do refrigerante mais famoso do mundo incluiu uma declaração importante sobre essa postura em seu registro anual:
“Nossa base global de funcionários diversificada e de alto desempenho ajuda a impulsionar uma cultura de inclusão, inovação e crescimento. Se não conseguirmos atrair ou reter talentos especializados com perspectivas, experiências e históricos diversos, que reflitam a ampla gama de consumidores e mercados que atendemos ao redor do mundo, nossos negócios podem ser afetados negativamente.” — Coca-Cola
Além dessas que citamos, é preciso lembrar que muitas empresas ainda estão decidindo qual caminho seguir: a favor ou contra a diversidade.
Enquanto tudo isso acontece lá fora, você já decidiu qual é o seu posicionamento sobre o DEI? Vale a reflexão.