bizi | 06.12.24
Todos os anos, por volta dessa época, diversos veículos de comunicação fazem suas retrospectivas.
Às vezes, elas resultam em lembranças positivas, outras vezes em descobertas peculiares sobre o comportamento humano. Na nossa opinião, a palavra do ano, escolhida pelo dicionário Oxford para 2024, é o segundo caso.
Brain rot — que, na verdade, é uma expressão — significa “podridão cerebral”. Nem um pouco agradável, não é mesmo? Mas, infelizmente, faz sentido.
Essa é uma expressão usada para aqueles momentos em que sentimos o cérebro “cansado”. Alguns até falam que o cérebro está derretendo ou superaquecendo. Com a gigantesca quantidade de dados e informações que lidamos diariamente hoje, isso não é raro de acontecer. Você já sentiu isso também?
Ao contrário do que parece, essa não é uma palavra recente, mas os dados explicam porque ela ganhou destaque em 2024.
Além da tradução literal, o termo reflete algo bem mais específico: nosso comportamento nas redes sociais.
Com feeds algoritmicamente calculados para nos manter por lá, o tempo que passamos nesses espaços aumenta cada vez mais. E isso não é exatamente produtivo.
“Brain rot é aquela sensação de que sua mente está apodrecendo, ou, pelo menos, enfraquecendo, devido ao consumo excessivo de conteúdo superficial. Se você já passou horas assistindo vídeos bobos no TikTok ou no YouTube, provavelmente já sentiu essa sensação.”
— Mega Curioso
Longe de nós criticarmos as redes sociais — até porque, estamos por lá também. Mas faz parte do uso saudável dessas plataformas entender que elas também podem ser nocivas.
De acordo com os especialistas, essa sensação vai além de algo momentâneo. Quanto mais tempo passamos “apodrecendo nosso cérebro” com essa prática, mais isso tem chances de interferir na nossa capacidade cognitiva e bem-estar psicológico.
Ainda segundo a Forbes, “as dinâmicas de algoritmos e redes sociais interferem diretamente na memória, concentração e capacidade de absorção de informação”.
Não à toa, existem diversas tentativas de impedir esse comportamento vicioso em crianças e adolescentes, mais vulneráveis a esses efeitos.
“Em julho deste ano, o livro Geração Ansiosa, do Jonathan Haidt, serviu como um divisor de águas para essa discussão. Vivemos em um momento de inflexão no consumo de conteúdo em redes sociais. Um desafio de pais e educadores em lidar com um consumo excessivo e desenfreado por crianças e adolescentes de conteúdo.”
— Andrea Janer, fundadora e CEO da Oxygen e especialista em tendências comportamentais
Para a executiva, a escolha da palavra do ano é, na verdade, um alerta. Devemos ser mais conscientes no nosso consumo — e isso inclui as redes sociais, mas não somente elas.
E agora um adendo da redação: a decisão da Oxford Languages também serve para ponderarmos melhor, enquanto profissionais, quanto estamos incentivando um uso racional e saudável das redes, ou quanto estamos contribuindo para adoecer nosso público.
Daqui para frente, essa é uma reflexão cada vez mais necessária.
Confira nossos outros conteúdos