bizi | 10.01.25
Começamos 2025 com polêmica: o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, anunciou o fim do sistema de verificação de fatos e o lançamento do recurso ‘notas da comunidade’ — e você vai entender o que isso significa agora.
A Meta, empresa controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp, anunciou no início da semana que encerrará seu programa de checagem de fatos nos Estados Unidos, substituindo-o por um sistema de “notas da comunidade”, semelhante ao adotado pelo X (antigo Twitter).
Nesse novo modelo, os próprios usuários poderão adicionar contextos e esclarecimentos a postagens consideradas imprecisas. Ou seja, na prática, os próprios usuários avaliarão se os conteúdos são falsos ou verdadeiros.
Para Mark Zuckerberg, esse é momento de retornar às “raízes da liberdade de expressão” e criticou o sistema atual de moderação por ser excessivamente parcial. Sem apresentar dados, ele mencionou que os verificadores de fatos mostraram-se politicamente enviesados, minando a confiança dos usuários.
Você pode conferir o vídeo (em inglês) com a declaração aqui.
A Meta também anunciou a redução de restrições a discussões sobre tópicos controversos, como imigração e identidade de gênero. A empresa pretende focar a moderação em conteúdos que violem leis ou representem riscos graves, como terrorismo e drogas, enquanto dependerá de relatos dos usuários para outras violações.
A decisão gerou preocupações entre grupos que defendem a segurança online. Organizações como a Full Fact consideraram a mudança um retrocesso que pode impactar a qualidade da informação nas redes sociais.
Especialistas temem que a ausência de verificadores profissionais possa aumentar a disseminação de desinformação e aumento das fake news.
Agora, insultos e até pedidos de exclusão de grupos em discussões sobre imigrantes, pessoas LGBTQIA+ e mulheres poderão ser permitidos, dependendo do contexto.
No site da empresa, as novas diretrizes detalham que serão autorizados insultos homofóbicos, transfóbicos, xenofóbicos e misóginos, especialmente em situações como separações amorosas. Além disso, a Meta afirma que discursos que associem homossexualidade ou transsexualidade a doenças mentais também passarão a ser aceitos, desde que relacionados a debates políticos ou religiosos.
A Meta justifica a flexibilização dizendo que deseja dar espaço a discussões mais amplas, mas o anúncio já está gerando reações negativas de organizações e usuários. Por enquanto, as mudanças são aplicadas apenas nos EUA, mas o impacto global dessa decisão ainda é uma incógnita.
Vale destacar que, não por coincidência, a mudança ocorre em meio à reaproximação de Zuckerberg com o presidente eleito dos EUA, Donald Trump. A Meta doou US$ 1 milhão para o fundo de posse de Trump e nomeou apoiadores do presidente para seu conselho administrativo, indicando um possível alinhamento com políticas mais liberais em relação à moderação de conteúdo.
Claro que a decisão da Meta repercutiu por todo o mundo. E no Brasil não foi exceção.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou nesta quarta-feira que as redes sociais só poderão continuar operando no Brasil caso cumpram as leis vigentes no país, enfatizando que isso ocorrerá independentemente de “bravatas de dirigentes irresponsáveis”.
“Aqui no Brasil, a nossa Justiça Eleitoral e o nosso STF, ambos já demonstraram que aqui é uma terra que tem lei. As redes sociais não são terra sem lei. No Brasil, [as redes sociais] só continuarão a operar se respeitarem a legislação brasileira. Independentemente de bravatas de dirigentes irresponsáveis das big techs“, afirmou.
Vale lembrar que Moraes determinou a suspensão do acesso à rede social X no Brasil em agosto de 2024, após a rede social do bilionário Elon Musk descumprir uma série de determinações judiciais brasileiras. Em outubro, a plataforma cumpriu as normas e voltou a operar no país.
Hoje, o presidente Lula se reúne com ministros para discutir diretrizes da Meta nesta sexta. Em declaração na quinta-feira (9), o presidente Lula considerou “extremamente grave” o anúncio feito pela plataforma.
“Eu acho que é extremamente grave as pessoas quererem que a comunicação digital não tenha a mesma responsabilidade de um cara que comete um crime na imprensa escrita”, disse Lula.
Por aqui, seguiremos acompanhando os desdobramentos dessa história e traremos atualizações sobre como essa decisão da Meta poderá impactar as redes sociais no Brasil. 👀
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