bizi | 07.03.23
De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), compilados pela LCA Consultores, 6,8 milhões de brasileiros fizeram parte da “grande renúncia”, em 2022.
Esse movimento de renúncia voluntária do emprego não é só nacional e nem é novidade — inclusive, já apareceu antes aqui no Bizi.
Mas os dados divulgados agora nos ajudam a entender melhor sobre o perfil desses profissionais, que se mostram mais jovens (como já era esperado) e mais qualificados (como não era tão esperado assim).
Confira algumas taxas dos desligamentos:
Segundo o economista da LCA e responsável pelo levantamento, Bruno Imaizumi, este movimento tem tudo a ver com o período de adaptação pós-pandemia — se é que já podemos chamar assim.
Bruno explica que durante a pandemia aconteceram 2 fenômenos principais no mundo dos empregos: 1) muitos profissionais em vagas que não são de sua área de atuação e 2) empresas exigindo muita mão de obra qualificada.
Para a primeira, é fácil deduzir que, agora que as coisas estão um pouco mais calmas, eles estão migrando para suas áreas originais. Mas a segunda é mais interessante:
O resultado agora é que esses profissionais super capacitados não querem permanecer no mesmo lugar, caso estejam insatisfeitos. Aliás, os fatores que compõem essa satisfação também mudaram muito.
Hoje, a cultura organizacional, os benefícios, o ambiente de trabalho, a flexibilidade e outras características que fazem parte do “fit cultural” com o emprego têm muito mais valor na hora da decisão entre ficar ou ir.
Como a demanda por qualificação continua alta, esses profissionais não pensam duas vezes antes de pedir demissão para buscar uma oportunidade melhor que, segundo as pesquisas, pode ser inclusive o empreendedorismo.
Complementando esses dados, o estudo Life Trends 2023 da Accenture mostra que essa resignação pode ser um mecanismo de enfrentamento às sucessivas ondas de crises que temos enfrentado como sociedade.
“Quando as pessoas não sabem como se planejar para o futuro, ou sua autonomia para fazer isso foi comprometida, elas dirigem suas atenções em coisas que podem controlar.”
Accenture Life Trends 2023
Nesse período de instabilidade econômica, social, política e até emocional, nossas prioridades foram reorientadas e seguem tentando se encaixar no momento de constante adaptação em que vivemos.
Assim, desistir de um emprego, por exemplo, pode ser uma forma de resignação, sim, mas não de quem simplesmente desistiu, e sim, como uma resposta emocional à situação econômica.
Complexo, né? Vale a pena continuar de olho no quadro de funcionários mas, principalmente, no que oferecemos a eles, dentro do quadro de cultura.
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